Olá,
Apesar de "já" fazer 4 dias e do mundo aparentemente ter virado essa página, para mim ainda é uma pauta: Biden desistiu. Pressionado por todos os lados – financiadores de campanha, os próprios democratas, imprensa e até por celebridades de Hollywood – o atual presidente dos Estados Unidos anunciou no domingo (21) que abriria mão de disputar a reeleição.
A internet já está tomada por análises a respeito da eleição norte-americana e obviamente não é meu objetivo debater política aqui. O que me interessa nessa história é o quanto ela ilustra uma discussão central sobre cultura de envelhecimento: quando é a hora de parar?
Biden tem 81. E não foi só ele que decidiu reduzir a marcha. Pegando muita gente de surpresa, o cantor e compositor Gilberto Gil (82), dia desses, comunicou que irá se aposentar dos palcos. Ao mesmo tempo, o ex-beatle Paul McCartney (também 82) foi na direção contrária: anunciou mais uma rodada da turnê Got Back na América Latina, no próximo outubro.
Gosto desse exemplo, desses três nomes que estão no dia a dia, porque ele ilustra uma parte teórica importantíssima da gerontologia: o envelhecimento é um processo individual, não-linear e complexo. Ou seja, não importa a idade cronológica e sim em que condições chegaremos até ela.
Não é simples, não tem receita. Trata-se de uma miscelânea de fatores, que interagem entre si ao longo de décadas: genética, estilo de vida, alimentação, saúde mental, vida espiritual, gestão dos afetos e, devo dizer, um pouco de sorte. Uma parte do envelhecimento a gente controla e mensura. A outra é aquela música dos Titãs: o acaso vai me proteger. Se você tem consumido tratamentos, procedimentos e outras coisas que dizem garantir o bom envelhecimento, lamento dizer: não é tão simples.
Ao acompanhar a história do Biden, a tiração de sarro nos memes e charges, as análises a respeito de um possível processo de demência, tentei me colocar no lugar dele. Não deve ter sido fácil. Nesse mundo em que vivemos de performance, vigor e velocidade a demosntração de fragilidade parece estar na mesma categoria da falha moral. Imagina só confundir publicamente o nome do seu rival com o de sua vice! "Ele está gagá", disse a internet, vestindo o jaleco imaginário de geriatra.
No caso de Gil, fico pensando em como teria sido essa decisão: parar de tocar em público por convicção ou pelo risco da crítica? Me lembro de uma entrevista da ex-jogadora de basquete e campeã olímpica, Hortência, quando anunciou sua despedida das quadras em 1996, aos 37 anos (foto). Não localizei aqui essa entrevista, faz muito tempo, mas me lembro que ela desabafou: "Decidi parar no auge, antes que as pessoas começassem a me criticar".
Acho que a régua do parar/seguir/reduzir está na percepção individual de fragilidade e limite. Falo de todos os limites: o físico, o psicológico, o mental e até mesmo o espiritual, aquele que dá sentido à vida. É bom saber, o quanto antes, que existem limites. Que o cansaço vai chegar, que a gente vai fazer confusão e trocar nomes, que não haverá mais tanta paciência para um monte de coisas. Como já não tenho hoje, por exemplo. E acredito que você também.
Isso é cultura de envelhecimento.
Um assunto para falarmos agora, em qualquer idade, sem tabus nem preconceitos. Monstei até um curso sobre isso, veja os detalhes abaixo.
Valeu!
Mariana Mello
@maturidades_br
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Fotos: Reprodução Instagram | Divulgação COI
muito bom! isso aqui me pegou demais: "o envelhecimento é um processo individual, não-linear e complexo. Ou seja, não importa a idade cronológica e sim em que condições chegaremos até ela."