Ed. #42 - Não transam e não sonham: ser jovem está superfaturado
O QUE TEM NESTA EDIÇÃO
👋 Oi da semana
🍑 Como as mulheres da Geração X escaparam da crise sexual
🛏️ The dream is over para os jovens insones
🥇 Dizem: Escritora Florence Thomas quer ser chamada de velha
👥 Quem somos + O que fazemos
Cara e caro assinante,
Que calor é esse? Tá todo mundo vivo? Espero que sim! Obrigada por dedicar seu tempo a este conteúdo. Quero agradecer especialmente aos novos assinantes — os gratuitos e os pagos. Estamos chegando a 900 inscritos!
Diferente de newsletters fantásticas que existem por aqui, ainda não consigo cumprir uma agenda de dia/horário certinhos para as publicações. Como esta é uma iniciativa 100% independente, podem acontecer oscilações nas entregas.
Se por um lado Maturidades ainda não é um relógio suíço, por outro o conteúdo original, com insights e conexões entre ideias está garantido.
💁🏽♀️💁🏽♀️💁🏽♀️ Maneiras de apoiar o meu trabalho:
1️⃣ Assinar a newsletter ✉️ Caso você tenha chegado aqui por outro caminho.
2️⃣ Me pagar uma coxinha 🍗🍗 Com apenas R$ 12/mês você se torna um apoiador e dá uma baita força para o meu trabalho.
3️⃣ Mandar no Zap 📲 Se achar legal o conteúdo, espalhe para os seus contatos.
Muito obrigada pela confiança!
Boa leitura, faça terapia e beba água.
Mariana Mello
🍑 Na cama com a Geração X: sem pecado e sem juízo
Diz a medicina que mulheres maduras estão fadadas ao fim da vida sexual. Pelo menos esta é a narrativa médica predominante: caem hormônios, cai a bunda, cai o desejo. Só que não.
Em um artigo meio-biográfico, meio-analítico intitulado “Por que as mulheres da Geração X têm tido o melhor sexo”, a jornalista e escritora canadense Mireille Silcoff defende a ideia da Perene Sexual.
O conceito é tão inovador que ainda nem aparece no Google e Chat GPT.
O texto foi publicado na The New York Times Magazine há umas duas semanas. De acordo com ela, as mulheres que hoje têm entre 45 e 60 anos (Geração X) não só têm contrariado as previsões biológicas como estão na pista – ou na cama, e bem acompanhadas.
🤘🏼Mulheres 45+ são raiz: sexo analógico e vida real
A tese de Mireille Silcoff sobre as Perenes Sexuais – mulheres cuja atividade segue ativa e saudável, contrariando as previsões biológicas ligadas à maturidade – se baseia no fato de que esse grupo escapou dos efeitos da vida digital nas relações, sobretudo as íntimas.
Eu, que serei oficialmente 45+ dentro de um mês, sei bem. Levando pancada de parceiros tóxicos, vivendo relações abusivas antes de cunharem esse nome e lidando com conversas difíceis presenciais, faço parte de uma geração que cresceu forte.
☎️ Nos anos 1990, não tinha isso de terminar por mensagem.
O que se chama hoje de “segurança psicológica”
a gente chamava de “seja o que Deus quiser, boa sorte”.
A jornalista Claudia Arruga, criadora do perfil Cool 50s, fez um resumo ótimo em seu perfil no Instagram (@cool50s).
“Somos mulheres mais independentes, mais bem-sucedidas e que já passaram por muita coisa – inclusive por experiências difíceis com sexo – o que nos deixou mais confiantes e menos influenciáveis pelas pressões da sociedade atual.”
Claudia Arruga
A temática da Perene Sexual se torna ainda mais relevante quando se tece uma comparação com gerações mais novas. Ninguém aqui quer competir, mas estamos dando um 🛁 banho na moçada, em termos de vida sexual de qualidade. Sabia?
Jovens transam cada vez menos
Pesquisas recentes indicam que os jovens estão tendo menos relações sexuais em comparação a gerações anteriores.
Um estudo do Kinsey Institute, da Universidade de Indiana, analisou os hábitos sexuais de diferentes gerações. Nascidos entre 1997 e 2012 (Geração Z) têm, em média, três relações sexuais por mês. Quando olhamos para Millennials e Geração X, o número sobe para estratosféricas cinco relações/mês. Estamos de parabéns.
Como citado em uma reportagem relativamente recente do jornal francês Le Monde, a Organização Mundial da Saúde observou que adolescentes estão iniciando a vida sexual mais tardiamente em comparação a gerações anteriores.
Motivos:
1️⃣ 🎒Culturais | Menos disposição e menos pressão social para estar em um relacionamento. Quando eu tinha 17 anos, meu sonho era ser adulta. E transar era uma coisa que os adultos faziam. Hoje é o contrário: todo mundo quer ser criança para sempre, até os 40 anos. Conhece alguém?
2️⃣ 🍷 Sociais | Redução de encontros presenciais e medo da rejeição. Em um passado não muito distante, relacionar-se com alguém implicava falar, encontrar, telefonar, deixar recado. Os climões eram analógicos, assim como as boas surpresas também. Quem sobreviveu ficou expert.
3️⃣ 📟 Tecnológicos | Aumento de tempo online, redes sociais, idealização de auto-imagem e performance, videogames e fácil acesso a pornografia.
4️⃣ 💭 Psicológicos | Crescimento de casos de ansiedade, depressão, uso de medicamentos e seus efeitos colaterais – queda de libido, um clássico.
🔥🩺 Perenes sexuais derrubam a narrativa médica do envelhecimento
Achei maravilhosa e necessária essa discussão porque ela expõe um aspecto importante do envelhecimento: as narrativas sobre o envelhecimento que permeiam o senso comum.
Narrativas são como filtros, que apresentam o tema sob uma perspectiva que de fato existe, mas que não é a única. Posso falar de envelhecimento pela narrativa demográfica – teremos mais velhos do que crianças em 2050.
Existe também a narrativa econômica: economia prateada, aposentadoria, previdência, rombos nos cofres públicos. E, por fim, temos a narrativa da saúde/bem-estar/não-declínio/não-fragilidade, que está todos os dias na suas influencers 50+ favoritas e nos portais de notícias.
É claro que a saúde física direciona os caminhos de qualquer velhice. Mas ela não representa o único aspecto desse fenômeno tão amplo, tão complexo e fascinante que é o envelhecimento.
Não há exame preventivo, reposição hormonal, botox e pilates que garantam uma maturidade com sentido. Cuide dessa parte, mas cuide também do sentido.
As perspectivas ruins e estatísticas médicas que me desculpem. Mas, pelo visto, quem terá de trocar uma de 45 por duas de 20 serão os médicos.
Por aqui, estamos ótimas! 😉
DIZEM
“Odeio o termo idoso. A palavra velha deveria ser digna. Sou velha, gosto disso.”
Florence Thomas
Escritora colombina e feminista, em entrevista à BBC
🛏️ The dream is over para os jovens insones
Dos mesmos diretores de "jovens não transam", vem aí "jovens não sonham". Não sou eu quem diz, mas dados científicos. Segundo o Projeto Atenção Brasil, cerca de 30% das crianças e adolescentes entre 4 e 19 anos dormem menos do que o recomendado para a sua faixa etária.
Já se sabe que a falta de sono traz perdas como perda de memória, concentração, desempenho intelectual e até o humor. O que chamou minha atenção recentemente foi a abordagem do neurocientista Sidarta Ribeiro, que assina a curadoria da exposição Sonhos: história, ciência e utopia, em cartaz no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, até 27 de abril.
Deixar de sonhar traz perdas consideráveis para algo diretamente ligado à nossa sobrevivência como espécie: a capacidade de criar.
🗣️🗣️🗣️ “As ideias novas são filhas das ideias velhas, recombinadas, misturadas. Nos sonhos, temos a liberdade de misturar ideias que, na vigília, não andam juntas, gerando novas ideias", diz Sidarta ao Estadão.
Autor do livro O oráculo da noite: a história e a ciência do sonho (Companhia das Letras, 2019), ele afirma que abrindo mão dos sonhos estamos condenados a uma existência estéril, literal, sem muito espaço para metáforas.
“Nosso modo de viver impede que entremos em contato com o sonho, seja como memória, seja como narrativa. Acordamos atrasados, com o celular na mão, e não nos lembramos do que sonhamos e, muito menos, conseguimos contar o sonho para outras pessoas e interpretá-lo.”
Sidarta Ribeiro, neurocientista (ao Estadão)
Com jovens adultos, não é diferente: pesquisa realizada entre 2018 e 2019 pela Associação Brasileira do Sono (ABS) mostrou que a população brasileira, de maneira geral, está dormindo menos, com a média de horas de sono diminuindo de 6,6 horas em 2018 para 6,4 horas em 2019.
Se você leu a nota anterior desta news, verá que os motivos pelos quais se dorme cada vez menos são parecidos com os ligados à queda da atividade sexual, sobretudo entre os mais jovens. Para citar alguns:
🔶 Exposição a telas durante muitas horas* ao dia;
🔶 Pressão por performance profissional e social;
🔶 Cafeína, álcool e outras substâncias estimulantes;
🔶 Redes sociais;
🔶 Transtornos psicológicos.
* Levantamento realizado pela plataforma Electronics Hub, os brasileiros passam, em média, 9 horas e 32 minutos por dia em frente a telas de smartphones e computadores, o que representa aproximadamente 56,6% do tempo em que estão acordados. Somos o segundo país do MUNDO que mais passa tempo em telas. O primeiro é a África do Sul. 😱 😱 😱
Se estiver no Rio, prestigie o Sidarta!
Museu do Amanhã
Sonhos: história, ciência e utopia
Em cartaz até 27 de abril de 2025.
Terça a domingo, 10h às 18h (Última entrada às 17h)
Ingressos: até R$ 30 | museudoamanha.org.br
Bônus | Conteúdo EXTRA
Quem são as Perenes Sexuais citadas por Mireille Silcoff em seu artigo no NYTimes:







Da esquerda para a direita, de cima para baixo:
1 e 2. Nicole Kidman (57); atriz atriz e produtora de cinema.
3. Laura Dern (57), atriz, cineasta e produtora de cinema.
4. Gillian Anderson (56), atriz que lançou Want, uma coletânea de fantasias sexuais femininas.
5. Glynnis MacNicol, 50 anos, escritora. Publicou I’m Mostly Here to Enjoy Myself, best-seller de memórias sobre sua viagem a Paris para se divertir (e transar).
6. Molly Roden Winter, 51 anos, escritora. Publicou More, sobre seu casamento aberto. Foto: Reprodução
7. Miranda July, 51 anos. Cineasta, performer e escritora. Autora de All Fours, história de uma mulher de 45 anos que desperta sexualmente após um caso extraconjugal em uma viagem.
Fotos: Reprodução Instagram
Quem somos
Sou Mariana Mello, jornalista especializada em Gerontologia (PUC-SP e Einstein) e idealizadora do Maturidades. Criei e dirijo também a Alma, estúdio de produção de conteúdo e projetos para marcas com ênfase no tema maturidade e envelhecimento.
O que podemos fazer pela sua empresa:
- 🧠 Curadoria e produção de conteúdo sobre envelhecimento a partir da nossa capacitação em Gerontologia, Gerontologia Social e comunicação;
- 🗣️ Mediação de paineis em eventos corporativos;
- ☕ Roda de conversa online ou presencial;
- 🧑🏫 Workshop sobre letramento e comunicação sobre cultura de maturidade.
Solicite o portfólio para conhecer nosso trabalho
📩 mariana@maturidades.com.br
Siga Maturidades
Curso Cultura de Maturidade ONLINE: Deixe seu nome na lista!
No Insta: maturidades_br