Notícia que alugou um triplex com varanda gourmet na minha cabeça: um importante hospital particular aqui em São Paulo, localizado em uma região nobre da cidade, inaugurou uma ala de pronto-socorro exclusiva para pessoas idosas. O espaço já está em funcionamento e pode ser utilizado por qualquer pessoa 60+ que tenha convênio médico com acesso à instituição. Ao ler sobre o assunto, comecei entusiamada — olha o mundo se adaptando à nova realidade demográfica do país — e terminei com mixed feelings.
A proposta é superlegal. O espaço tem pisos claros e sem recortes, para promover a movimentação com segurança. Além disso, parece que toda a equipe é treinada para lidar com pessoas velhas (aqui no Maturidades a gente fala a palavra "velho" sem pudores, beleza?). E olha que interessante: na hora do atendimento, o paciente fica dentro de um consultório e o médico/enfermeiro se desloca até ele. Já me vi lá sendo atendida daqui a 20 anos, cheia de paparico e ainda dizendo ao profissional: “O senhor demorou, hein".
Médicos, parem de falar que vamos ficar doentes
Nas reportagens que li, há aspas de duas porta-vozes do hospitais. Uma diz que o objetivo da nova ala é proporcionar um atendimento mais humanizado e especializado, em nome de um envelhecimento cada vez mais saudável e tranquilo. A outra diz que "a população idosa é bastante vulnerável e frequentemente é acometida por doenças crônicas". Isso me pegou, porque é clássica narrativa médica imperando mais uma vez quando se fala em envelhecimento.
A ideia de que a doença é o único destino da velhice nos faz ter aversão pelo assunto. Há, sim, velhices adoecidas. Mas não são todas. E mesmo que existam doenças, elas não definem nossa condição. Seguimos vivendo, produzindo, desejando. Precisamos ouvir e disseminar outras perspectivas sobre o envelhecimento, de modo que o assunto não se dê por encerrado apenas pelo ponto de vista médico.
Lugar de velho é junto com todo mundo (ou não?)
Imaginar que pessoas idosas ficam em uma ala diferente no hospital, todas juntas, me fez pensar naquela cena: um monte de velho junto, nas mais variadas condições de saúde, apartados do restante da sociedade. Você, velho, dirija-se àquela salinha onde estão os outros velhos: uns morrendo, outros só com um resfriado.
Olha como é contraditório: sensacional que uma equipe é treinada para lidar com aspectos de saúde que podem ocorrer na senescência. Mas não poderia ter geriatra e enfermeiro especializado na ala normal do hospital? Onde fica a linha divisória entre acolher e segregar? Se eu chegar ao hospital às 23h59 dos meus 59 anos e completar 60 enquanto espero para ser atendida será que buga o sistema? Hahaha.
Brincadeiras à parte, eu sigo perguntando: não seria importante que todas as pessoas — crianças, jovens, adultos — convivessem com a população envelhecida nos mesmos espaços? Ou estou problematizando demais? Eu realmente quero a sua opinião. Enquanto isso, o triplex segue alugado.
Festa DISCOTEK - 14/9



Não me liguem no sábado. Estarei ocupada demais atrás de um paetê para ir à festa mais legal que inventaram em São Paulo: a Discotek. Criada pelos DJs Ivy Abujamra e Junior Thonon, ao lado do empresário Claudio Gouvea, a festa mistura sucessos da dance music e achados contemporâneos, além de mixagens com MPB: tudo uma delícia para dançar. O horário é amigável para adultos responsáveis: das 19h às 00h.
Fora isso, ambiente aberto, lugar para sentar, comida, vinho, paqueras e flertes analógicos (quem precisa de apps?) e só gente legal. Eu juro que até 00h30 você já estará de pijaminha na sua casa. Maturidades apoia o evento :)
Discotek
Restaurante Bubu - Praça Charles Miller (Pacaembu-SP)
Data: 14/9 (sábado)
Das 19h-00h
Entrada: R$ 40
instagram.com/discotek_festa
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