O QUE TEM NESTA EDIÇÃO
👑 👑 👑 Fernanda Montenegro: apenas ela!
Que ano para as Fernandas!
Mal nos refizemos das emoções que rolaram com Ainda Estou Aqui no Oscar e lá vem Vitória (Conspiração Filmes). Estreia hoje (13) o longa-metragem estrelado por Fernanda Montenegro, com direção de Breno Silveira – que faleceu subitamente no primeiro dia de filmagem, aos 58 – e Andrucha Waddington, que assumiu o projeto.
O filme conta a história real da ex-empregada doméstica Joana da Paz, que decidiu colaborar para o combate à violência gerada pelo tráfico de drogas na Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, no Rio de Janeiro.
Aos 85 anos e com poucos recursos financeiros, Vitória decide instalar câmeras em sua janela. As imagens geradas dão origem a denúncias, que culminaram na prisão de moradores e policiais envolvidos com o narcotráfico.
Jurada de morte, a personagem é obrigada a mudar de cidade e de nome, como orientação do Programa de Proteção à Testemunha. O filme se baseou no livro Dona Vitória Joana da Paz (Planeta, 2024), do jornalista Fábio Gusmão, que também é personagem do filme na interpretação de Alan Rocha.
Nas redes sociais, tem rolado um debate sobre a escolha de uma atriz branca para representar Joana da Paz, que era uma mulher negra. Forai citada, por exemplo, a atriz Zezé Motta que tem 80 anos e poderia ter sido convidadas para o papel.
Vitória e o papel social da pessoa idosa
É certo que a conversa sobre o filme vai orbitar na genialidade de Fernanda Montenegro, que brilha como protagonista aos 95 anos. Além dos 70 anos de carreira, que rendeu a ela prêmios, reconhecimentos internacionais e o posto de imortal na Academia Brasileira de Letras, Fernandona é um exemplo vivo de lucidez, versatilidade e ética.
"Na idade em que estou, posso até continuar fazendo minhas leituras em palcos, mas cinema pede físico, pede fôlego. É um momento muito especial nesse palco aqui agora. Muito obrigada.”
Fernanda Montenegro, no evento de pré-estreia no Theatro Municipal de São Paulo, na segunda-feira (10)
Um aspecto de Vitória que na minha opinião merece aplausos, além dos citados acima, tem a ver com uma reflexão oportuna sobre o papel da pessoa idosa na sociedade.
É sabido que, como um movimento mundial, as pessoas velhas serão maioria muito em breve.
No Brasil, segundo o IBGE, isso vai acontecer em 2050. Por volta de 2060, estima-se que cerca de 1 em cada 4 brasileiros terá mais de 65 anos. Trata-se de um fenômeno jamais vivenciado na nossa história, e que vai trazer mudanças profundas em todas as relações.
Enquanto o senso comum escorrega nas representações estereotipadas de velhice, marcadas por narrativas de perdas, dependências e desempoderamentos, temos em cartaz, com Vitória, um contraponto necessário e urgente.
Vitória é uma pessoa idosa que mesmo diante de suas fragilidades, conecta-se com sua potência criativa – o desejo, o que a move, aquilo que é intrínseco do sujeito – em prol de algo maior: sua comunidade, seu espaço, suas relações.
Envelhecimento ativo não é fazer ginástica
Entendo que o filme traz uma oportunidade de expandir o olhar sobre o que a gente pensa do envelhecimento. Em vez das histórias ligadas às perdas, às caricaturas ou às positivações excessivas e negações-da-idade, seria bem melhor uma velhice ligada a fazer parte das decisões, atuar como cidadão, ouvir e ser ouvido.
Diferente do que se ouvimos por aí, “envelhecimento ativo" não significa só ir ao clube ou à academia, mas ter saúde, segurança e participação — quem diz isso é a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Legal, mas eu ainda não penso nisso
Você deve assistir a Vitória e refletir sobre isso por um motivo bem simples: cedo ou tarde, o envelhecimento será um tema central na sua vida. Em primeiro lugar, o seu próprio. Depois, o envelhecimento dos seus pais, da sua família, dos seus amigos e até dos seus filhos.
Refazendo os conceitos que temos sobre a velhice que acontece à nossa frente, nos fortalecemos para pensar sobre a nossa própria. Como ela será? De que forma chegaremos às etapas seguintes do curso da vida?
Como intitulou um artigo a jornalista Beltrina Corte, fundadora do Portal do Envelhecimento, parafraseando o clássico de Noel Rosa:
Com que roupa você vai envelhecer?
Esta não é uma discussão para “um dia” ou para quando chegarmos a um marco etário, do tipo 50+, 60+. Se o envelhecimento é calculável e previsível em vários sentidos, adiar a conversa é desperdiçar tempo.
Fotos: Sony Pictures/Divulgação + Instagram/Reprodução
Quem somos
Sou Mariana Mello, jornalista especializada em Gerontologia (PUC-SP e Einstein) e idealizadora do Maturidades. Criei e dirijo também a Alma, estúdio de produção de conteúdo e projetos para marcas com ênfase no tema maturidade e envelhecimento.
O que podemos fazer pela sua empresa:
- 🧠 Curadoria e produção de conteúdo sobre envelhecimento a partir da nossa capacitação em Gerontologia, Gerontologia Social e comunicação;
- 🗣️ Mediação de paineis em eventos corporativos;
- ☕ Roda de conversa online ou presencial;
- 🧑🏫 Workshop sobre letramento e comunicação sobre cultura de maturidade.
Solicite o portfólio para conhecer nosso trabalho
📩 mariana@maturidades.com.br
Pessoal, é tanta ansiedade que publiquei a news antes! :) Edição de amanhã, fresquinha para você! Quem aí vai assistir Vitória? Comentem!
Oi, muito legal a newsletter e a noção que o assunto é de todos. A opinião publica é muito entre 15 e 40 anos, classe que produz né ? Crianças e mais velhos são tratados como se fossem uma camada à parte, que precisam de ajuda mas de uma maneira condescendente.
Por isso acho sua newsletter bem legal. Ainda nao tive tempo de responder a sua provocação no outro comentario meu (nem de me dedicar à minha eterna newsletter por nascer) mas farei assim que possivel ! :-)